sábado, 7 de janeiro de 2012

Carlos Machado: "Vejo o Ferdinand como um grande psicopata e homofóbico"

Carlos Machado, o Ferdinand de “Fina Estampa”, é uma das grandes revelações do folhetim de Aguinaldo Silva. O ator de 46 anos, que com 18 anos de carreira já havia participado de diversos programas da Rede Globo, experimenta pela primeira vez o reconhecimento do grande público no papel do inescrupuloso comparsa de Teresa Cristina (Christiane Torloni).
Machado, que paralelamente à carreira de ator continua trabalhando como ortodontista em uma clínica na qual divide as funções com a namorada, Flávia Cristine, diz que a fama e o assédio não o deslumbram. “Sinceramente, às vezes me pergunto se vale à pena perder a privacidade. Ser famoso não é só glamour, como as pessoas pensam. Nunca quis ser famoso para ser assediado”, garante ele, que substituiuMaurício Mattar na trama.

Com 1,91 m e um físico definido, seu personagem, que a princípio era do núcleo da turma do do futevôlei, só permaneceria 50 capítulos na novela. Carlos agradou tanto o autor que Ferdinand ganhou uma sobrevida e se tornou um dos principais vilões. “Estou muito à vontade na pele desse mau caráter. Me entrego totalmente aos meus personagens, acredito no que faço”, diz ele.
Foto: AgNewsAmpliar
Carlos Machado: Muitas cenas de sunga
Confira a entrevista:
iG: Como você enxerga o Ferdinand?
Carlos Machado: No início, via o Ferdinand como um quarentão com mentalidade de adolescente. Agora, vejo o Ferdinand como um grande psicopata. Frio, calculista, homofóbico e realmente machista. E que, aparentemente, está ficando vidrado na Tereza Cristina. 

Foto: Divulgação/TV GloboAmpliar
Carlos Machado como Ferdinand e Cristiane Torloni como Tereza Cristina: fixação na patroa
iG: Como é a reação das pessoas sobre o personagem nas ruas? O que vêm dizer sobre ele para você?
Carlos Machado: 
Cada vez mais me convenço de que as pessoas gostam dos vilões. Com raras exceções, escuto coisas negativas do tipo “você e a Tereza Cristina não podem escapar”. Mas é incrível a quantidade de pessoas que torcem até pra que ele se dê bem e consiga se safar com uma fuga espetacular com a Tereza Cristina.
iG: Algum fã já lhe abordou na rua de maneiras estranhas ou engraçadas?
Carlos Machado:
 Às vezes é um pouco constrangedor e tento passar despercebido em certos lugares, mas já decidi relaxar e curtir as brincadeiras.
Foto: AgNews
Carlos Machado e Marcelo Serrado no intervalo das gravações


iG: O que você espera para o final do personagem? Qual é a sua torcida?
Carlos Machado: É muito difícil um vilão acabar bem nas novelas. O público influencia muito. No caso do Ferdinand, por enquanto, recebo do público um carinho que eu não esperava. 

Foto: Divulgação/TV GloboAmpliar
O embate de Ferdinand (Carlos Machado) e Crô ( Marcelo Serrado) na quadra de futvôlei: vítima de maus tratos do segurança, o mordomo pode ser seu amante
iG: O que você achou da declaração do Aguinaldo Silva de que Ferdinand poderia ser um dos candidatos a amante do Crô? Você torce para que ele seja?
Carlos Machado: Bom, pelo o que sei, o Aguinaldo declarou que não é o Ferdinand. Mas seria fantástico!

iG: Você toparia fazer uma cena de beijo gay? 
Carlos Machado: Já fiz no teatro, na minha primeira peça adulta. Por pena, o Olho Verde, que eu interpretava na peça ''Alta Vigilância'' de Jean Genet, acabava dando um beijo gay. Não digo que foi fácil. Mas, na época, me despi de qualquer pudor e recebi críticas elogiosas da revista "Manchete", o que me levou até o saudoso Walter Avancini. Ele me contratou para meu primeiro trabalho em teledramaturgia, ''Mandacaru''.
Foto: AgNews
Malhação para manter a boa forma


iG: Na novela você aparece muito na praia, de sunga, mostrando o corpo. Tem receio de ficar marcado como um ator que só seja escalado para esse tipo de papel?
Carlos Machado: Meu personagem, no início, mostrava muito o corpo. Gravava só na praia. Agora, gravo muito mais no condomínio. E faço a maioria das cenas de terno e gravata. Fiquei muito feliz e agradecido quando o Aguinaldo Silva aceitou a indicação do Wolf Maya. Estou muito à vontade na pele desse mau caráter. E me entrego totalmente aos meus personagens, acredito no que faço. Gosto de deixar a intuição fluir. E, graças a Deus, está dando certo e meus diretores estão contentes. Me sinto em casa quando estou gravando.
Foto: Ag NewsAmpliar
Carlos Machado nos bastidores das gravações de "Fina Estampa": físico definido
iG: Como é contracenar com Christiane Torloni? 
Carlos Machado: Até “Fina Estampa”, meu maior prazer em cena foi ter contracenado comLima Duarte, em ''O Príncipe da Feira''. Agora, tenho a honra de contracenar com Lília Cabral, Zé Mayer e a diva Torloni. Ela é muito gentil e parceira. A Cristiane Torloni é muito profissional e sempre passamos o texto juntos várias vezes antes das cenas. E por mais malignos que sejam esses personagens que representamos, o autor consegue, sempre, dar um toque de humor, que faz com que eles, ao estilo Sr. e Sra. Smith, sejam um pouco engraçados e recebam do público esse retorno quase sempre carinhoso. Ter trabalhado por anos com mestres como Chico Anysio e Renato Aragão creio que me ajuda nesse toque de humor que o Ferdinand tem.
iG: Com a exposição proporcionada pela novela, teme voltar a ser desconhecido do grande público?
Carlos Machado: 
Não temo perder assédio. Sinceramente, às vezes me pergunto se vale a pena perder a privacidade. Ser famoso não é só glamour, como as pessoas pensam. Nunca quis ser famoso para ser assediado. Meu desejo sempre foi de poder levar boas mensagens e ser um bom exemplo. Acho que o artista é um formador de opinião, isso é uma responsabilidade. Pena que seja mais fácil, muitas vezes, espalhar notícias desagradáveis e de forma deturpada. Por exemplo, eu disse a um repórter que, com 7 anos de idade peguei chocolates e não paguei por eles. Meu castigo foi ficar com dor de barriga. Qual a manchete da matéria? ''Carlos Machado já cometeu assalto''. Esse tipo de jornalista me faz lembrar a personagem Marcela, de “Fina Estampa”.
Foto: AgNews
Carlos Machado
Foto: AgNewsAmpliar
Carlos Machado e a namorada, Flávia Cristine
iG: Você já tem outros projetos em vista? 
Carlos Machado: Recebi convites para o teatro. Enquanto estiver gravando “Fina Estampa”, estarei focado na novela. Agora é hora de focar no Ferdinand. Recebi também convites para o cinema. Mas são projetos para depois da novela. Meu objetivo maior, no cinema, é produzir filmes com mensagens positivas. Torço para que isso aconteça. Admiro atores como Denzel Washington pelos trabalhos que escolhe. Se Deus quiser um dia poderei escolher trabalhos também. 

iG: Qual a frequência de seu trabalhando como dentista? 
Carlos Machado: Diminui muito o ritmo. Uma vez por semana ainda atendo. Mas eu já caminhava para administrar, mais do que clinicar. Minha namorada tem me auxiliado na clínica, assim como outros ortodontistas contratados.

iG: Quais são seus sonhos para a partir de agora?
Carlos Machado: Casar, ter filhos e conhecer o mundo todo.
Foto: AgNews
Carlos Machado em cena de "Fina Estampa"

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