sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ENTREVISTA , SEGUNDA PARTE COM LILIAN CABRAL

Sendo a Griselda o personagem principal da trama, você é a protagonista...
Todo personagem, dentro de uma história, se torna protagonista em algum momento. A diferença, desta vez, é o ritmo de trabalho. A personagem não é mais importante que outros trabalhos só porque sou a estrela da novela das oito. Assim como em outros trabalhos, tenho uma grande responsabilidade nas mãos. Mas, em nenhum momento, penso em mim como "a protagonista" . Tem coisas mais importantes para mim em estar em "Fina Estampa" do que o tamanho do meu papel.
Como o quê?
Os reencontros. Voltar a trabalhar com o Aguinaldo, parceiro em tantos trabalhos na minha carreira na Globo. Não trabalhava com ele desde "Pedra sobre Pedra" (1992). A Eva Wilma é outro exemplo. Ela me ajudou muito no começo da minha carreira e é uma felicidade contracenar com ela novamente. A gente trabalhou juntas em minha segunda novela. Eu lembro que a Eva me recebeu de braço abertos, me ensinava como eu tinha que olhar para a câmera... Agora que eu sou a protagonista eu penso que eu tenho que fazer aquilo que ela, a Regina Duarte, a Glória Menezes e tantas outras atrizes maravilhosas fizeram comigo.
Depois de toda sofisticação da Tereza, em "Viver a Vida", você volta ao horário nobre de macacão surrado e boné. Deve ser muito mais fácil na hora de entrar em cena...
Para me arrumar é mais fácil, claro. Eu nem sempre vivi mulheres glamourosas na ficção. Já usei muita coisa básica na televisão, sem muito ou até nenhum glamour. Só que é essa personagem é a mais difícil que já encarei na vida. O público tem de acreditar que essa mulher existe. As pessoas precisam esquecer que é Lilia Cabral que fez a Tereza.
Você acha que existem muitas mulheres como a Griselda?
Acho que sim. Essa mulher está na rua e em todos os lugares, mas a gente não enxerga. Ela é uma mulher real, que faz de tudo para sobreviver e dar uma vida digna aos filhos. Griselda é uma personagem do cotidiano, tem uma vida sofrida, que tem defeitos, qualidades, que depois de ser abandonada pelo marido precisou ir a luta para sustentar a família.
O Caio Castro disse que o Antenor não pode ser considerado uma pessoa ruim por ter vergonha da mãe. Qual sua opinião sobre essa questão?
Outro dia me perguntaram isso e eu pensei que se a minha mãe ou meu pai chegasse vestido com aquele macacão sujo na porta da minha faculdade, talvez eu sentisse um pouco de vergonha. Você não? Eu não aprovo as atitudes do Antenor e fazer as coisas como ele faz, falar com ela do jeito que ele fala, torna o personagem mesquinho, pequeno, visto tudo que ela faz por esse filho. Mas o ser humano é assim. Agora, quando ele convida uma atriz para se passar pela mãe dele aí a gente vê o caráter. É um confronto de mãe e filho. Ele quer que ela seja outra pessoa, ela quer que ele aceita ela do jeito que ela é. Acho que todo mundo vai entender o lado dela e também o lado dele. 

Em "Morde & Assopra", a personagem de Cássia Kis Magro também sofreu com o fato do filho ter vergonha da mãe. O Aguinaldo chegou até a trocar farpas com o Walcyr Carrasco pela internet...
Eu assisti alguns capítulos da novela das sete. Amo a Cássia, ela é uma atriz extraordinária. Acabou vazando a trama, mas acho que a abordagem do Aguinaldo é diferente. A minha personagem vai dar a volta por cima. Cada história é uma história.
A Griselda faz de tudo. E você conserta alguma coisa em casa?
Olha, eu sei trocar pneu. Mas prefiro chamar o seguro [risos]. 
Podemos esperar uma nova temporada de "Divã" para 2012?
Há uma corrente falando sobre essa volta. As pessoas na rua me perguntam sempre, mas não conversei nada com a direção sobre esse assunto. Gravamos o número de episódios combinados e comecei a trabalhar na novela. Então, estou totalmente focada nesse trabalho. Só depois do último capítulo e que vou poder pensar em um novo trabalho na TV.
Você acredita que o seriado tenha para mais quantas temporadas?
Na verdade, eu já fiz tanto "Divã" [risos]... No teatro, no cinema, na televisão. As vezes, eu penso que já deu tudo que tinha que dar. Isso não significa que eu não queira voltar a fazer. Eu gosto de me renovar, estou sempre querendo fazer algo novo, diferente. Isso acrescenta em nossa vida. Mas se eu tiver vontade eu volto a viver a Mercedes. Foi um trabalho muito bacana e de muito sucesso.  
O Manoel Carlos disse que pretende parar de escrever novelas e que quer você no papel da última Helena. Ele chegou a conversar com você sobre esse assunto?
Não falamos sobre isso. Não houve nenhum convite e eu fiquei sabendo disso pela impresa. Sempre que o Maneco me fala que tem um papel eu aceito sem nem saber qual. As personagens que ele criou para mim me trouxeram grandes alegrias. Agora, se eu for a Helena quem vai ser a antagonista? [risos]
Seus últimos trabalhos com o Maneco lhe renderam duas indicações ao Emmy. Ficou frustrada por ter batido na trave duas vezes?
Estar naquele bolo é como estar na Copa do Mundo. Eu fiquei muito emocionada quando recebi novamente a notícia que havia sido indicada. Da primeira vez foi uma surpresa enorme, ganhar seria maravilhoso, mas estar ali já estava ótimo. Da segunda, eu fiquei senti uma responsabilidade maior. Pensei: 'Será que todo mundo vai ficar frustrado se eu não ganhar?'. Mas, depois desencanei. Recebi um carinho enorme na volta. Sou muito grata ao Maneco por ter me presenteado com essas personagens.  
Você chegou a acompanhar a reprise de "Vale Tudo" no Viva?
Eu vi alguns capítulos. Achei muito engraçado me rever com aquelas roupas. O figurino era uma mistura de Xuxa com Cyndi Lauper. Eu lembro que na época eu achava o máximo o visual da Adeilde [risos].

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